segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A arte do faz-de-conta!

Sempre tive uma relação muito próxima com o teatro. Desde muito cedo. Impossível esquecer os domingos que minha mãe pegava eu e minha irmã e íamos as três de ônibus para Curitiba. As brigas começavam cedo. Sempre queríamos sentar do lado da mãe. Mas, sabiamente, ela nos colocava uma do lado da outra e sentava em outra poltrona. Nós dormíamos a viagem toda.

Quando chegávamos em Curitiba, logo ficávamos super eufóricas por estar naquela cidade toda desconhecida. Parecia bonito e tinha um ar diferente (Ponta Grossa sempre me pareceu um tanto pequeno, mas demorei pra perceber o quanto a cidade era provinciana). A alegria da minha mãe era também super contagiante. Ela sempre adorou ver o mundo acontecendo ao seu redor.
Foram muitas peças. A magia do faz de conta brilhava nos meus olhos. Aquelas luzes, o figurino, os atores... mas tinha também a história... E sempre foi pela história que me apaixonei. Aprendi com o teatro a levar as histórias pra casa e fazer delas minhas.
Muitos anos depois, minha relação com o teatro ficou ainda mais próxima. Tudo graças a uma certa "retumbante timidez" e também devido a um bom encontro, já que "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro nessa vida". Assim, comecei a conhecer o mundo do teatro adulto e também a brincar de fazer teatro. E brincar de teatro é brincar de faz de conta... brincar com o corpo... com as histórias.. é brincar com o mundo, com você e com as pessoas ao mesmo tempo!
Mas, tudo isso pra dizer que vocês não podem imaginar a surpresa maravilhosa que tive sexta-feira. Minha querida amiga Day (outra moça apaixonada pelas histórias da vida) me chamou pra assistir A Alma Imoral,pois mais uma vez eu estava em Curitiba. E, dessa vez o bichinho do teatro me mordeu feio, daquelas mordidas que vão deixar cicatrizes para a vida toda. Porque além de um banho de interpretação, Clarice Niskier deu uma tremenda aula de filosofia. Uma noite totalmente inesquecível!
Se eu já era apaixonada por Clarice Lispector, virei fã também da Niskier.. E, assim, juntando todas as minhas paixões... começando e terminando pelo teatro.. descobri que se um dia eu tiver uma filha ela se chamará Clarice.

P.S. - Ninguém entra aqui, mas se entrar,veja:

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

História de um ano de verão

Eu queria ter hoje uma história bem bonita pra te contar. Aí eu fiquei pensando em uma. Lembrei que as que mais gosto são tristes. Sempre as que fazem as lágrimas saltarem no meio da avenida. Imagina uma história que fizesse os olhos choverem em pleno samba? Será esse o motivo de eu construir minha vida tão molhada? Compartilhar um ano com gosto de vendaval já dá um belo conto. A história dos inclassificáveis está mudando. Cada vez mais classificáveis. Viva a serenidade! A vida percorre uma estrada menos esburacada. Mesmo que meus passos ainda desafinem feio, parece que, finalmente, encontrei a brisa. Meus pés ainda são capazes de me fazerem cair lá de cima do arco-íris. Mas aquelas aulas de quando eu era uma menininha... sempre lembro delas, e assim, levanto que nem a bailarina. Meus ensaios estão cada dia melhores. Hora dessas até mostro para você como meus movimentos estão ficando definidos. O medo do escuro não me faz mais procurar qualquer olhar vulgarmente sedutor. Quero sim um par. Azul, vermelho, rosa... Não sei! Mas que venha com a cor doce dos olhos de quem quer amar. Não preciso da mão do Tomas para dormir. A cama me acolhe. Nas noites tristes sei que tenho um amigo daqueles que o Vinicius fala. Passo depois de outro. E o Coxa foi pra primeira divisão! Acho que desse jeito, qualquer dia, até consigo te contar uma história daquelas que ficam pra sempre. Daquelas que parecem uma noite de verão perturbada por goles a mais de cerveja, acompanhadas por conversas apaixonantes.