domingo, 13 de janeiro de 2008

Saudade


Cansei de sentir saudade... Acordei hoje cansada. Decidindo que não queria mais ninguém que pudesse me tirar um milímetro do meu gosto de viver em um lugar. Por que eu já morei em tantos lugares assim? São quatro cidades diferentes. Mas contando os lugares que as pessoas que eu amo nesse mundo moram... olha, não deve caber nos dedos das mãos... Nem me atrevo a contar, porque vou lembrar de gente que eu nem sei mais onde está morando. Tem gente até que nunca vi na vida e tenho saudade. Como pode?
Num dia rimos, trocamos confidências, inventamos brincadeiras. No outro: a estrada. Cada um pro seu canto, pra sua casa, pra sua vida, pros seus mais milhares de outros amigos, pros seus amores, pros seus interesses. Eu também... mas como tenho saudades dos que não estão aqui...
Se eu pudesse, não conheceria ninguém a partir de hoje que morasse em um raio maior que cem quilômetros da minha casa.
Mas como fazer isso com toda essa minha vontade de conhecer o mundo?
Que vidinha... que vidinha...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Tempo de ser sua


Dias de náusea. Amanhecia e contava as flores no quintal, os ladrilhos do banheiro, as tábuas do chão. O tic tac do relógio ... na mesma velocidade. A respiração cadenciada custava-lhe toda ansiedade. Um samba morreu. Ela morreu. Os pensamentos boiavam na piscina.
Ventilou o corpo com ternura. Aqueceu suas angústias na beira d´agua. Aquele amor de que tanto tinham lhe falado. Nasceu. Não aquele que ela dava em troca de suas cores.
Só ela sabe o quanto lhe perturbava o barulho ensurdecedor de seu passado. O silêncio famigerado dos amores não enterrados. Assim, decreta o fim dos assaltos. Impossível que levem dela o que nem tem. Nunca mais.
Promessa boba. Pronta pra ser quebrada. Feita exatamente porque sabia que não poderia ser cumprida. Mas foi a salvação. Rastreiam o céu. Ninguém podia saber. E se lhe contassem, ela não ouviria. Ela se reconhece, se conhece, se toca.
Finalmente descobre que se movimentar os olhos para aquele lugar, voltados naquela direção, verá milhares de estrelas. Como são bonitas. Brilha! O calor voltou para suas pernas. Achou aquilo que tinha perdido em uma aventura.
Tão jovem e tão esperta. Custou-lhe um par de anos pra saber que já conhecia seu próprio segredo. Embriagada pelo hálito daquela noite, destrancou sua verdade.
Ela não é uma novidade, nem um passado, apenas a vontade de pertencer a si mesma. O cheiro dos dias voltaram a ser só dela. Cansou de dividir pensamentos e roubar idéias. A pele ainda se cura de tantos machucados. Mas ela sabe que conseguiu colocar um ponto final.