sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Equilíbrio


Hoje me contaram que ando de um jeito estranho. O desaforo foi tão grande que chegaram a acreditar que podia ser alguma doença. Meio como se eu tivesse pés de pato. Eu que nunca reparara no meu jeito de andar... agora sigo analisando minha sombra. Parece que só um pouquinho do meu pé esquerdo é que vira pra fora. E se esse é o defeito que sustenta meu edíficio? Verdade também que eu levo muitos tombos. De repente uns olhos esverdeados de pele morena me passaram mais uma rasteira. Com a perna meio torta não poderia sustentar todo o edifício sem derreter um pouquinho. Esses mesmos olhos me assustam um pouco. Às vezes parecem querer muito de mim, outras só a leveza. Não sou de resistir a encantos assim. Vivo tão absorta em meus pensamentos que parece difícil fazer curva. Mas quando as cores me cruzam... Sabe, pra quem anda torto tudo parece complicado e fácil. Num primeiro momento mudar o caminho parece só uma continuação do outro. No entanto, ao virar a curva se percebe o quanto doem os pés de quem sofre desses males. Me pergunto se um dia vou curar esse meu pé torto. Essa minha mania de carregar caixinhas de histórias do lado esquerdo. Pode ser isso que me faz entortar tanto pra um lado. E hoje fizeram o meu diagnóstico. Disseram que é um jeito diferente de balançar. E eu que nem sabia que balançava. Quem me dera poder esconder esse mar caótico lá dentro. Pode ser que esses olhos verdes do norte resolvam beijar os meus olhos verdes frios. E se eles ficarem aquecidos pode ser o começo de um lado esquerdo mais equilibrado.