segunda-feira, 2 de junho de 2008

Estrela torta






Já levava uns dias que andavam torcendo o nariz.Dias de não. O carnaval já tinha ido embora. Mas as noites insistiam em se alongar. Uma estrela torta caiu em sua frente. A música alta não deixava ela prestar atenção. Segunda, terça, sábado. Terça, sexta, sábado. Aquele cheiro de fumaça andou lhe dando boa noite. Tropeçou no escuro. Viu miragens. Sonhou com príncipe encantado. A nuvem derreteu. O sol deu tchau e finalmente a deixou em paz. Atenção! Atenção! As mãos tocavam a estrela. Era um calorzinho bom. Barulinho de riacho. Contornava-se o gosto daquela história. A estrela torta mostrava-se ora tão apaixonada pelos seus vôos altos, ora tão absorta nas luzes da noite. Enquanto isso a mão continuava a pensar. Deslizava suas idéias pelo mindinho. Arrastava a cortina para não enxergar aquele brilho. Deliciava-se sentindo aquela idéia nova. Mas fugia. Escondia-se no meio das palavras. Falava com o silêncio e não compreendia. Perdia o chão no meio do barulho. Encantava-se com a ternura daquele brilho que dava conta também dos pequenos. Assustava-se em ver no novo o velho. Não era igual, mas corria pelas linhas da sua história. Um óculos que sumia pra dar lugar a vontade. Queria experimentar tudo. Sempre. Queria ousar a dança que não sabia. Se pulasse na estrela teria uma imensidão de sensações novas a conhecer. Mas o dia sempre voltava. A estrela sempre cadente. Mão, mão! Pois não? Fecha a cortina, por favor!________

Um comentário:

Anônimo disse...

Um belo texto cadente...