Os dias bonitos são uma prisão para as almas livres que devem se submeter a cansativa e irritante rotina do trabalho. A luz do sol misturada com a névoa azul do céu nos primeiros minutos da manhã penetram a atmosfera prometendo calor. Animam a pular da cama cedo. Dez horas o frescor do dia é substituído pelo sol quente. A cama já está vazia e arrumada. As flores lá fora parecem mais coloridas e sorridentes. O peito se acalma. Mas como passe de mágica começa o corpo a sentir os melindres desastrosos da prisão. A contemporaneidade nos aprisiona no mundo da informação. Não há tempo para deixar o sol penetrar lentamente na pele e os olhos fantasiarem com as cores ao retornar para dentro de casa. Não há grama, nem jardim. O mar está ali, mas não há água. O acinzentado das ruas, das águas, dos dias poluem o dia ensolarado. O vento faz as suaves asinhas das margaridas na garrafinha de coca-cola voarem. Minha lembrança voa junto com as pétalas para as tardes mais felizes de verão. Aqueles dias no sítio. Desenhados com as cores mais fortes e as sensações da água deslizando sob a pele, a garganta, os olhos e até, certas vezes, infelizmente, pelos ouvidos. Eram vivos os gritos contornados pela água da piscina que saiam da boca das crianças. Dez, quinze pequenos serezinhos que não imaginavam um dia encontrar o cinza. Era o barro, a água, a grama, as frutas que preenchiam cada pequena existência. Escurecia, mas o calor... ali, sempre ali. Aquecendo com ternura as noites cansadas. Depois de cai, levanta, briga, brinca, era hora de sonhar com o outro dia. O que esperar hoje para amanhã?
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Despedida
O cheiro da casa dando tchau misturava-se com o cheiro da vontade da vertigem. Só ele! Para ser bege, cinza, vermelho e rosa num só.
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