sábado, 22 de março de 2008

"A menina dança dentro da menina"



A sensação de estar no mundo errado jamais lhe abandonara. Ainda mais amargo era saber-se desajeitada no lugar onde lhe colocavam. Sabe o jogo de achar países? Ela acabava sempre na Espanha, mesmo desejando a França. Quando lhe parece rosa é cinza. Na esperança de o cinza se colorir, joga conversa fora. Vascila e pisa em falso. Volta pra casa com a cabeça desaguando em desentendimento. O animal perfeito esconde-se. Foge. Ela está prestes a matá-lo. Mas ele é bravo como a avó com medo da seca. Um dia, o rosa vem. De novo. Ela sempre desejara um vermelho desconfiado daqueles. Sem provar. Mas lhe parece tão gostoso. Sabe, ela sente o gosto de brincadeira. Daquelas que ninguém está preocupado com a medália. Os gritos pulam da boca das crianças. É como se ela voltasse a acreditar que pode convidar alguém para o gira-gira. Lembra das cores dos olhos fechados? Pode ser que elas existam mesmo sem sol.

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