domingo, 9 de março de 2008

O dia que vai bater diferente!


Todos os meses do ano passaram até chegar hoje. Primeiro o coração enrijeceu. Parecia que tinham lhe dado veneno. Bastava um suspiro para ativar o mar de lágrimas. Mágoa que se desfazia em tempestades serenas. A dor de amar e desamar. Fúria despejada naquele que antes recebia os gestos mais doces do mundo. O pensamento não conseguia se desfazer dos recortes coloridos que aquele tempo deixou. O corpo contorcia-se na espera do calor com o qual havia se acostumado a passar as noites. A alma desfalecia. Como começar se não acreditava no fim? Ouvidos cansaram daquela ladainha. O sol tentou roubar do quarto tudo aquilo que ele tinha ganhado durante aquele tempo. Não era pouco, nem fácil. A cidade era nova, mas tudo que queria era a velha. Sonhava com dias acinzentados eternecidos por aquele outro corpo. Mas, pouco a pouco, a nova cidade foi se tornando realmente ensolarada. Pois naqueles dias vivia dentro de uma nuvem de fumaça. Nem um palmo a frente do nariz. Tentou enganar o coração com a razão. Mas o corpo sempre estava lá pra não deixar esquecer. Os olhares nem se encontravam mais. A alma amada já não lhe pertencia. Pertencer... que coisa boba! Dia a dia e um cantinho a menos daquele peito doía. A vida voltava a se iluminar tãaao devagar. Um dia reencontrou um amigo em uma cidade tão ensolarada quanto a nova.Naquele lugar que muitos já foram felizes. Era uma companhia antiga, com velhas memórias e novas histórias. Tinha também um carinho especial. Ele achou a chave do corpo dela. A alma não esquentou novamente. Nem mesmo um dos dois queria isso. Mas o corpo voltou a acreditar... Ainda acontece de a moça acordar domingo com saudade daquele quarto gelado. Lá onde apenas dois corações jovens e eternecidos vivam às gargalhadas. O corpo não sabe como seria encontrar de novo aquele cheiro. Sabe que naquela cidade cinza há um coração sendo amado. Mas,serenamente, apenas espera o dia de bater diferente de novo.

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