Um par de calças vermelha levantava seu pé direito. Nada via. Apenas sentia um sobe e desce danado dentro da blusa verde. Não enxergava o gosto do mundo. Desenhava suas cores pelo corpo. Numa noite a toa deparou-se com um sorriso. Não era desses que ela via todos os dias. Nem cabia dentro da sua caixinha. Ganhava um doce novo. Cenas coloridas povoaram seu mundo caótico. Não, ela não queria repetir a história. Roncavam os motores. Mais uma vez seus sentidos falhavam. Perdia a audição. Ninguém queria saber de abrir o zíper. Escutava apenas dois olhos negros. A dança podia fazer o filme rodar. Sentia o gira-mundo. O peão caledoscópio lhe mostrava novas poesias. Voltava pelo mesmo caminho. Ansiava ver o fim do filme. Não queria que a história se arrastasse. Os ponteiros do relógio ganharam vida. As folhas do calendário apontavam para o ano-novo. Como? O inverno nem havia começado...Não podia controlar as imagens. Ao mesmo tempo, vestia aquela saia mais uma vez. Sabia que seus passos descompassados lhe faziam tropeçar. Dessa vez não. O zíper não combinava. Que tal trocar? Podiam ser botões. Risca o braço. Pontilha as pernas. A linha desenvolve-se para fora de si. A intensidade lhe nauseia. Não entende o silêncio do tempo. Quando pousa um passarinho na árvore, por que não faz dela seu ninho? Outros olhos desejavam seus suspiros cheios de vontade. Outras vozes gostariam de encontrar com sua língua. Mas o corpo da criatura pedia aquelas entrelinhas. Suas entranhas se aqueceram de conversinhas sem sentido. Ela entendia a riqueza das palavras que se desfazem no vai-e-vem do trabalho. Despejava todo seu rio caudaloso de desejos. Corre, corre, corre! O filme termina antes de ela chegar do outro lado.
terça-feira, 13 de maio de 2008
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Um comentário:
Não vou comentar o post, só te dizer que tou te linkando no meu blog...
e "deslinkando" um povo que nunca atualiza o seu...
bj
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