Um certo sentimento gostoso me fez voltar a fazer viagens altamente machucativas. Dessa vez o sabor nem era misturado. E esse passeio era daqueles que vão revirando tudo que encontram dentro da gente. Dia vira noite, paixão vira ódio, medo vira vontade. O coração mostra língua. O estômago se espreguiça. E o pescoço alcança as nuvens. Mas era como se uma tomada me perseguisse. Disparava seus choques e assim não me deixava esquecer. Entreguei-me àquela luzinha. Com um leve mexer de ombros empurrei pra longe todo não pode que me atormentava. Ficaram ali no canto desmaiados, esperando seu tempo de voltar. Fiquei bem quietinha. Queria ver se eles não acordavam do torpor do esbarrão. Olha, tava dando certo, té que em uma noite de lua cheia, alguma coisa lá dentro gritou. Acho que era esse meu monstro que eu tanto escondo. Ele despertou os não podes. Mas como estavam atiçados com as estrelas, resolveram falar não pode para a tristeza. Que rebuliço feliz. Dançaram os não podes e as estrelas. Deram vivas. Contaram-me meu conto de fadas preferido, que é aquele que as cores todas se misturam. Então demos todos as mãos e dançamos o resto da noite daquele jeito que parece que os corpos vão se misturando. Porque até os não podes, às vezes, esquecem do não.
terça-feira, 17 de junho de 2008
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2 comentários:
Lindoooo!!!
"Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala".
Foi assim que me senti aqui.
=*
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