quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"(...)a dor e a delícia de ser o que é"


Primeira manhã, primeira bomba. Segunda tarde, segunda bomba. Terceira noite, terceira bomba. Que medo! (Deus achou muito engraçado lhe botar cabelo.) Curto-circuito que aquecia as pernas, tirava do ar, corava. Raiva. Amizade. Confusão. A vida refletida naqueles olhos infantis. Queria desbravar o mundo. Cinco dias. Não dá. Pé no chão. Ai! A primeira vez, a primeira tentativa, o primeiro conhecimento. Como? Nem todo dia é feito de um primeiro momento. Ousar no deslize ou permanecer com os olhos no futuro? Mas aqueles dias tão recheados de formigas. Minhocas. Saiam daqui! Saiam! Os fios querem ordem. Tudo que pretendia era dar conta de seus afazeres pequenininhos. Colocar tudo no lugar. Botar ordem na casa, nos livros, nas folhas, nos pensamentos. Ao mesmo tempo, como abandonar o gosto que lhe faz continuar? Dançar! Não dá... Pensava em uma paisagem para ilustrar suas férias. Nada de ir longe. Eram poucos dias. Férias de faz de conta. Aqueles dias. Regar as flores. Começar. Alongar. Esticar. Reverberar. Sim! O conflito. Não dá, não dá para sufocar o monstro no saco plástico. Esquece. Vai continuar... Sempre... Doendo mais, doendo menos... E lembrou do Caetano: "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..."
Imagem: João Sanchez

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