quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Separar os corpos


Ela chegou em casa com a certeza de que viveu um grande amor. Apaixonou-se. O primeiro pedaço de bolo. Entregou-se sem saber onde pisava. Deu sorte. Daquelas bem grandes. Viveram docemente cada segundo de seus encantamentos. Brigaram com a mesma força que se desejavam. Beberam. Dançaram. Beijaram. Te adoro foi ficando pequeno. As calças ficaram curtas. Tiveram que casar. Amor, coração, bebê! Amigos, família, estrada! Vergonha, medo, ovo... Onde chegariam? Para onde caminhariam se decidissem dar as mãos de verdade? Não sabe... não pode saber. O caminho dividiu. Andavam por ruas que não se cruzavam. Uma rótula, uma esquina, um ponto de ônibus!!! Por favor! Não.. a vida disse não... Seguiram. A máscara, o pincel. O palco. Outro palco. Não tão distantes, mas radicalmente longe. O tempo. Serenou. Diluiu o que construiu. Escorreu. Viu que não podia segurar. Deixou ir. O tempo... Um dia e de novo o palco. A cidade fria. Os olhos iguais, a pele ... o cheiro... Sentiu falta do sal. Quem sabe? Ela sabe! Mas que venha sem dor. Virou as costas, disse tchau e não teve medo de sair. Era seu o corpo. Tinha sido seu e isso não podia ser roubado.

Um comentário:

oh my! disse...

É incrível a tua capacidade de descrever as coisas da vida, Lezinha!