As unhas vermelhas já estavam descoloridas. Já faz tempo que não combina mais com aquela mão magricela de dedos tortos. Gostosa, quentinha... Apesar da notícia magricela ter lhe incomodado um tanto. De ter passado o dia imaginando um dedinho encostando no outro de novo. O que iria lhe fazer dormir triste não era bem isso. Acontece que não conseguiu falar com aquela mão que fechava o portãozinho. Relembrava a mão acendendo o cigarro. Jogando a carteira fora. Abraçando os amigos. Pegando o celular no fundo do fundo do bolso. Encostando na sua pele. Mas ficara para trás. Deixara junto com a camiseta branca de bolsinho. Sua mão cheia de pudores não quis pegá-la. Mesmo depois de um sim. Como era boba! Um dia quem sabe iria crescer. E jogar as cinzas de todos os seus mortos no rio. Nem queria na represa não. Que nadassem para bem longe. Não ia mais cuidar para que não fossem parar no abismo. Se esse era o destino que procuravam, que fossem felizes. As unhas vermelhas também seriam. Elas descobriram o poema. É, nome de esmalte, mesmo, viu! Poema... poema... que coisa! As palavras só lhe serviam para inventar castelos. Não era mais hora de fantasia. A vida real queria muito que essas mãos de unhas poema lhe abrissem a porta.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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3 comentários:
"Não ia mais cuidar para que não fossem parar no abismo. Se esse era o destino que procuravam, que fossem felizes."
...
Só eu sei quantas vezes me senti assim...o quanto me frustrei, o quanto eu desisti...
Sempre passo por aqui, mas nunca comento!
Adoro seus contos!
;*
Oi, Tatiana..
nem me fale... tem hora que parece que não aprendo.. hehe.. bom compartilhar sentimentos..
beijo,
Letícia.
sempre fico sem ar. quero teu livro, em um futuro próximo!
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