sexta-feira, 4 de julho de 2008

Corpos

Era um encontro amaldiçoado. Dois corpos dolorosos marcados pela despedida da terra sem mar. Nascia mais uma dor. Mais uma consequência das minas. Devem ter escondido explosivos ali. Só pode! Esticaram os pés para o abismo. Escorregaram no vácuo com a pele colada. Esqueceram a responsabilidade naqueles desvios. Uma mão encontrava o desejo. Chamas desoladas choravam por um encontro. Um cheiro docemente feliz começara a lhe perturbar. Desvanecida de pudor entregara-se aos olhos que refletiam. Uma vez lhe contaram que isso era de fazer querer para sempre. Não podia. O destino já lhe tinha dado um aviso. Todas as letras gritavam: NÃO! Os holofotes piscavam em sinal de alerta. As nuvens encobriam o sol para mostrar o choro. Teimava, então, em burlar qualquer sinal que começasse com a letra "n". Achava que podia se transformar em água. Mas como? Se era o fogo que tinha conquistado esse pesar. Desejava aquele caos tão na medida certa do seu. Desnudava pensamentos. Colhia aventuras. Fazia ventar idéias. Aquecia o esquecido. Mas, sempre ele, o vilão da história vinha escrever mais um não. Dois corpos dolorosos marcados pela despedida da terra com mar.

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