A chuva de papel picado derreteu. O vento fazia pairar uma nuvem de confetes usados. A dor lhe enjoava. A vida seguia molhada. Tudo escorre: dor, amor, ilusão. Os movimentos é que salvam do torpor. Os corações, que seguram nas mãozinhas pequenas, passam. Isso fazia ela se sentir tão pequena. Queria mesmo era se enfiar embaixo do buraco da porta. Conseguir ficar ali, esticadinha, bem retinha. A porta ia passar por cima e voltar sem que nem sentisse. As alegrias bobas iam se desfazendo. Os encontros passageiros. O tempo de matar o coração. Por quê? Por que um sábado a noite podia lhe matar tanto tempo? Queria se pintar de vermelho. Passar a tolha. Tudo ia ficar lisinho. Como se existisse uma borracha que apagasse as histórias da caixinha colorida. Essa caixa precisa ser incendiada. A música estava lhe sufocando. Seu tesão derretia junto com a chuva... esvaía-se. Resta um nome vazio. Nem se achava mais digna dele. Matar Nietzsche, não só Deus. Quem sabe? Queria que os confetes já borrados se enfileirassem, formassem letras, lhe escrevessem a verdade. Mas as sensações continuam a lhe envenenar em busca de seu eterno vazio.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
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