Fora encontrada na beira do mar. Não tinha as cores mais bonitas. Alguém acreditou que de dentro daquilo algo bom poderia se dar. Estava em estágio pré-lapidação. Como era escura! Escondia os mistérios de olhos já vividos. Quebravam, batiam, cortavam. Aos poucos, devagar, a violência escondida no brilho ia aparecendo. Estranho. O rosa, o verde, o indizível: iam se misturando em filetes fininhos. Não era brilhante, mas mostrava cores deliciosas. E quantas eram, quantos tons, quanta paixão. Devagar a danada ia se mostrando bonita. Se no começo ninguém lhe queria, agora já queriam saber a hora de a levar para a cidade. Quem a desvendasse, poderia tê-la. Gostava de sentir as ondas baterem fortes em seu pequeno tamanho. Acostumara-se com o vai e vem das águas. Desde pequenininha fora assim. Não tinha como lhe roubarem a crueldade de ter sido gerada na dor. Um dia a levaram para loja. Um pescoço curioso quis experimentar. Mas logo se chateou. Queria seu dinheiro de volta. Malditos! Ninguém lhe avisou que dentro daquela pedrinha colorida escondia-se um perfume extravagante. Quem iria saber? Até ela, por vezes, se convencia de sua doçura. Mas essa vida de pedra...
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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