segunda-feira, 9 de março de 2009

Desabafo

Esse blog surgiu há quase dois anos. Depois de alguns textos que tinha guardado e finalmente achava que podiam ser publicáveis. Primeiro ele era bem tosco, sem figuras. Até que um dia, minha amiga Lola aceitou deixar ele com cara bonitinha. E ela conseguiu que ele tivesse a minha cara. Agora já cansei da cara dele. Sem desmerecer o trabalho da minha amiga. Mas esse sintoma não é só para o blog. Também cansei um pouco da minha vida, ou melhor, de mim mesma. Cansei de me meter nos mesmos rolos, repetir os mesmos erros. Cansei de inventar histórias para deixar meu dia-a-dia com cara de aventura. Cansei também da realidade que não se parece com a aventura. Parece ser hora de me reinventar. Ou melhor, quem sabe seja hora de deixar ser. Preciso mostrar para o mundo que a beleza já não me é mais essencial. E esse estado bruto, apesar de já lapidado, por muitos anos, dói um pouco. Como se novamente estivesse no vivo. Depois de ter ralado o peito no cinto da minha mãe quando descia do colo dela. Eu sei que não dá mais para inventar vidas e, às vezes, cansa colorir os caminhos. E é a roda-viva da vida. Amigos, lugares, amores. Cada dia em um canto diferente. E a gente ficando cada vez mais longe das nossas histórias. E esse blog parado sem cor!

3 comentários:

Samael disse...

O teu texto/desabafo é dolorido quando pelo menos algumas gotas espirram na gente, mas é belo.

[...] as nódoas de sangue quando caem no chão não têm forma geométrica.
- Macário, Álvares de Azevedo.

Besos.

ZG disse...

Depois de ter ralado o peito no cinto da minha mãe quando descia do colo dela.

Eu não conheço ninguém mais que escreve assim. Eu não entendo como alguém pode encaixar as palavras de forma que ela penetrem em você. Eu me sinto invadido, há meses, todas as vezes que tenho a grata oportunidade de ler as tuas palavras. E essa invasão não é má, ela é boa, porque ela me socorre, me traduz, me alivia, me espelha, porque eu me sinto refletido no mundo, na alma, na vida dividida. Ainda que quase sem cor, há sempre um rastro, um traço, um amarelo-letícia perdido, enroscado em cada letra de você.
Te adoro muito, muito.
Beijo!

Anônimo disse...

"Depois de alguns textos que tinha guardado e finalmente achava que podiam ser publicáveis."

Essa parte me toca.

Abraço do Rodrigo Q.