sábado, 1 de agosto de 2009

Confusão de paixão



Imagem: Bansky
O primeiro pensamento da manhã e da noite não tinham mais donos. Acordava e dormia sem ter para quem dizer bom dia e boa noite. Cativara tanto o desejo de que haveria algo para sempre nesses sentimentos. Mas esquece que uma palavra trocada pode desfazer o encanto. O príncipe se transforma em sapo. E o tempo de beijar sapo já bateu as botas. O primeiro amor então se perde no olhar do tanque sujo de escamas de peixes. Sempre aparece outro e, quem sabe, um menos platônico. O instante em que o coração deixa de querer se rasgar por aquele olhar que antes queimava é imprevisível. Ela não quer deixar suas cartas sem ter um nome para enderaçar. No entanto, o desejo é muito maior que o destinatário. A vontade é de sentir tudo de novo como se fosse da primeira vez, como se a vida se enchesse de cor. Mas se cansou de desejar tudo de bom para suas perturbações. Seu sonho agora é dizer durma em paz.

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