terça-feira, 29 de setembro de 2009

Na ponta dos pés os cronópios


Imagem: "Os amantes" René Magritte


De repente o mundo se tornou tão generoso que as palavras pareciam desnecessárias. Aprendera a escrever só sobre o caos. Sobre as vísceras que se estrangulam na angústia da dor. Não é mais possível fazê-las sofrer. Nem que ela aperte o peito e tente vomitar algum temor. Ainda tenta buscar dentro do corpo aquilo que lhe angustiava. Aquilo de que tanto escreveu na busca de um nome. É como se o vento tivesse soprado de dentro do seu corpo todo o amarelo. A náusea ininterrupta da vida por hora estanca. A reação é um suspiro leve e alegre. Ahhh... se fosse possível suspender o tempo no momento da inspiração daquele perfume! Se resta alguma coisa a dizer é sobre o peso da rotina. Ela faz questão de sempre lembrar que os ponteiros correm. Nessas horas, voam! Gritam desesperadamente para alertar que o tempo sempre chega já dobrando a esquina. Precisa correr para não deixar escapar o instante. A vida da pressa. Essa é que faz lembrar que logo a angústia pode roubar a cena e voltar a ser de novo personagem principal. Por enquanto, se deleita usufruindo de toda cronopicidade com que foi abençoada ao nascer. Fica na ponta dos pés para alcançar outro cronópio e, então, brincarem de esquecer a razão.

domingo, 20 de setembro de 2009

É dia de sol!


Brincava de correr. Tirou do bolso o brinquedo novo. Água, sabão e um assopro. Devagar a espuma foi se condensando. De repente todas as cores bem esticadas apareciam no limite de tensão. Ela queria se desprender das margens. As gotinhas usaram toda sua energia. Esticaram até o último milímetro dos pezinhos. Foi nascendo bem pequenininha. Mas era tão frágil que ao deslizar pelo corredor, bateu no telefone e voltou a estaca zero. Estaca zero de bolha é negativa. Nos dias seguintes permaneceu calada no bolso da jardineira da menina. Um mar de conversas joanísticas e coloridas fizeram com que o brinquedo saísse de dentro do bolso outra vez. Era um dia de sol e a bolhinha começou de novo a surgir. Leve e doce. O verde era a cor que se destacava quando refletia no sol. Assim uma bolhinha com cara de velha, mas força de nova, deslizou no ar. Voou alto e continua sobrevivendo na vontade da menina de sentir o movimento suave, encantador e divertido da bolha no ar. É dia de sol!

sábado, 5 de setembro de 2009

Mais do mesmo


Sem vontade de mais uma vez viajar no mais íntimo de mim. Para que sofrer mais uma vez com a repetição da vida? Tem metáforas bem melhores que as minhas para isso. Cansei de reinventar.