segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Fazer chover

Eu queria saber o que existe atrás dessa farsa de Deus e o que foi que Nietzsche enxergou e contou nos seduzindo. Descobri que a alma das pessoas é sempre um risco de vida. Elas podem desabar de um prédio de 20 andares todos os dias. E o grito amargo preso na vontade de viver que o tempo coíbe não será ouvido. Ao descer todos esses andares várias vezes por dia, sinto um pouco do meu olhar se esvaindo em pensamentos que fazem chover. A chuva, às vezes, pode ser doce se ao escorregar da escada encontrarmos flores que encantam pensamentos. Mas ao abrir o portão, o mundo lá fora continua cinza. As ruas continuam a amargar as decepções e ansiedades dos corações. Não há nada que faça viver sem chover. Não é possível o vermelho sem o cinza. E ficamos todos a viver esperando o nosso próximo martírio. A caminhada pode parecer apaixonada, mas sempre guarda um rastro de perversão. Como acabar com a perversão que assola a essência do nosso choro e do nosso riso? Como amar sem sair do caminho? Como viver sem encostar no cinza? Eu quero o caminho das crianças, que descobrem as cores, que se satisfazem com brincadeiras adoravelmente tão cruéis quanto o mundo que lhes espera. Eu quero matar Deus e o que está por trás de Deus.