terça-feira, 6 de novembro de 2007
Lembrou de esquecer o amor....
Um dia acordou e lembrou de esquecer o amor. A alma estava precisando de roupa nova. Seca, crua, insossa. A angústia a domina há tempos. Não sabe andar vazia. Traz a dor. Quer dançar. Quer outra música. As cicatrizes não passam de uma marquinha. Nem pensa mais nelas. O fascínio acabou. Elas podem morrer. Ir embora. Não vai sentir falta. Aquele cachorro lindo de pêlo preto, com o seu dono deliciosamente apaixonante. O sal até reaparece. Mas, a semana inteira no quadrilátero branco... A intensidade precisa tomar conta do espaço todos os dias. Colhe folhas secas no sábado. Sai de lá e tudo reluz, menos os olhares. Continuam no escuro. As nuvens não param de fazer chover. Os dedos nem mais sentem o frio. O dia vai e toma conta do palco. A bailarina se impulsiona, gira. Os movimentos não são lineares. Quebram-se no vento. Ela persiste nas linhas tortas. Aperta, contrai, estica. O limite do corpo. O limite da alma. Não sabe se é bom encontrá-los. As estrelas cantam no seu ouvido. Ela grita. A porta bate. O vazio permanece. Chapeuzinho Amarelo não quer brincar no jardim. A criança não quer ir embora. Isso lhe causa dores terríveis. Mas têm ali um par de óculos. Um super herói. Escondido atrás dos livros. Ele a deixa livre para que continue a fazer castelos, a desenhar linhas. Ela precisa do grito, do gemido, do orgasmo.