
Os olhos verdes mais cheios de coco do mundo pediram para descansar. Mas essa gente sem fé chora porque quer ouvi-los assobiar. A próxima florada de café. A parreira carregada. A posse do prefeito. Prato cheio para os passarinhos. Mas e ele? Eram dele as uvas, o leite e os cocos mais doces. As palavras mais ternas e cheias de música. O loro que não aprendeu a falar. A casa que precisa fechar. A banda no coreto da praça. A poltrona para espichar as pernas. Cabeça de menino pequeno pra morder. A vó com a casa pra cuidar. Os meninos com as contas. As histórias de morrer de rir. As palavras de fazer chorar. As minhocas pros peixes. A botina e o chapéu do sítio. A piscina. O pôr do sol mais cor-de-rosa do mundo. A família de mulheres. Os doentes que tinha que cuidar. A pergunta sobre o tempo. Os dias mais quentes de verão. A calçada fervendo... Tanta coisa que nem dá pra contar. Mas os olhos ficam. Não quiseram ir bater papo com o Rui. Continuam a amar. E essa gente sem fé que não pára de chorar.